Após 22 anos de espera e cinco anos em tratamento de hemodiálise, Edinalva Pinheiro, de 66 anos, viu sua vida mudar na primeira semana de janeiro ao receber um transplante de rim no Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém, oeste do Pará. Natural de Óbidos, a ex-funcionária pública foi a primeira paciente do ano a realizar o procedimento na unidade, referência em transplantes no Pará.
Diagnosticada com doença renal policística (DRP), uma condição hereditária que compromete os rins, Edinalva enfrentou anos de desafios e incertezas. "Fui contemplada outras vezes, mas não foi possível fazer o procedimento. Agora chegou a minha vez. O coração está ótimo, não estou nervosa. Confio na equipe e creio que tudo dará certo", disse a paciente, emocionada antes da cirurgia.
A recuperação do transplante já trouxe a Edinalva novos planos de vida. "Vou em São Paulo, até Aparecida, para agradecer Nossa Senhora e em seguida vou a Belém, para agradecer Nossa Senhora de Nazaré."
O transplante de Edinalva marca o início de mais um ano de avanços no tratamento de pacientes renais no HRBA, que realiza transplantes desde 2016 e já mudou a vida de 115 pessoas. Para o médico Henrique Rabello, o procedimento representa mais do que uma solução clínica. "É a oportunidade de transformar vidas, permitindo que os pacientes deixem o ambiente hospitalar e retomem sua rotina com mais qualidade de vida."
A cirurgia só foi possível graças à compatibilidade com um doador, o que mostra a importância da doação de órgãos. O HRBA, por meio da Organização de Procura de Órgãos (OPO) Tapajós, trabalha na identificação de possíveis doadores e na sensibilização das famílias para autorizar o processo. Desde 2012, a unidade já captou 107 rins, além de outros órgãos e tecidos.
O diretor-geral do HRBA, Matheus Coutinho, reforça a relevância do trabalho. "Quando a gente recebe a oferta de um órgão, o paciente que tem uma genética muito próxima ao doador sobe nessa lista. Entramos em contato para avaliar a situação atual dele e em seguida, se estiver tudo bem, ele é chamado para efetuar a cirurgia".
A doação é fundamental, principalmente de doadores falecidos, com quadro de morte encefálica. A autorização para a doação deve ser feita pela família, não sendo necessário deixar a vontade expressa em documentos ou cartórios. Manifestar a intenção de doar e conversar com familiares e amigos pode ser uma alternativa para quebrar preconceitos e ampliar a sensibilização.
Situada dentro do Hospital Regional, a equipe da OPO trabalha no monitoramento de potenciais doadores, no convencimento da família e em toda a logística para que a captação ocorra, isso sem falar de cursos e treinamentos para o diagnóstico de morte encefálica realizados com profissionais de saúde do HRBA e de outras unidades, e campanhas para conscientizar a população sobre a importância da doação.
Já os transplantes, exclusivamente de rins, são realizados desde novembro de 2016. Hoje, a equipe do setor de transplantes conta com cinco médicos nefrologistas, um enfermeiro e dois técnicos de enfermagem. Foram 115 transplantes realizados pelo HRBA até aqui, sendo 80 homens e 35 mulheres.
Em 2024, o HRBA teve sua autorização para realizar captação e transplante de rins renovada por mais quatro anos. De acordo com a portaria SAES/MS 1.884, o Ministério da Saúde deixa a unidade apta para o serviço até o ano de 2028.
"O transplante de rim é considerado uma opção completa e efetiva para que pacientes com doença renal crônica em estágio avançado recuperem a qualidade de vida. Por isso, hospitais que ofereçam esse serviço de captação e doação de órgãos, como é o caso do HRBA, são de extrema importância para a população. São unidades que salvam vidas e fortalecem o Sistema Único de Saúde", conclui Matheus Coutinho, diretor-geral do hospital.
Fonte: (*) com informações da Agência Pará