[RESENHA] É Assim Que Começa - Colleen Hoover

Lily e Ryle acabaram de chegar a um acordo civil para a guarda conjunta da filha, Emerson, quando Lily repentinamente esbarra em Atlas, quase dois anos após terem se falado pela última vez. Feliz que o timing finalmente parece estar favorável para que o relacionamento entre os dois de certo, Atlas chama Lily para sair.

Porém a alegria de Lily é quase que imediatamente substituída por tensão e ansiedade assim que ela lembra que Ryle, mesmo não sendo mais seu marido, ainda está presente na sua vida. É fato que Ryle não gostaria da ideia de Lily namorar qualquer outro homem, mas se tem alguém que ele não vai suportar que faça parte da vida da ex-esposa e da filha, essa pessoa é Atlas.

Contado pelo ponto de vista de Lily e Atlas, É assim que começa oferece aos leitores mais detalhes sobre o passado de Atlas, enquanto ele e Lily dão uma nova chance ao amor que sentiam um pelo outro na adolescência. Tudo isso ao mesmo tempo que Lily precisa lidar com um ex-marido explosivo, que acredita que Atlas foi um dos motivos para o fim de seu casamento.

"Será que vale a pena? É óbvio que Atlas vale a pena."

Resenha

Seis anos após o lançamento de "É Assim que Acaba", Colleen volta com uma história de superação, amor, reencontros, força e reconstrução. Depois de muitos anos, os fãs pedindo para a autora escrever um final mais digno para Lily e Atlas (na minha opinião o primeiro estava bom), ela atendeu aos pedidos e veio com "É Assim que Começa".

Se você não leu o primeiro livro, talvez pegue alguns spoilers - já temos resenha do primeiro livro aqui. A história começa uma hora após os acontecimentos finais de "É Assim que Acaba", Lily reencontra Atlas e ambos estão finalmente prontos para ficarem juntos sem maiores complicações, ou é isso que todos pensamos. Lily está separada do Ryle, mas ele ainda é muito presente em sua vida, por ser pai da sua filha Emerson e também irmão da sua melhor amiga. Ela decide não prestar queixa sobre nada que passou com ele enquanto estavam juntos, por não querer estragar a vida dele e, de certa forma, entender por que ele era daquele jeito, mas ela ainda exige algumas coisas dele, como terapia e regalias para ver a bebê.

"— Quando ela vai poder dormir lá em casa?
– Quando ela souber falar.
– Por quê?
– Porque assim ela pode me contar se alguma coisa acontecer, Ryle."

Por tudo ser muito recente, Lily sente que se envolver com Atlas possa ser um problema para Ryle e não quer que isso prejudique a vida deles (dela, da Emerson e do Atlas). Por esse motivo, ela começa esse relacionamento com um pé atrás, com medo de como o Ryle possa reagir se descobrir, já que para o ex-marido ainda existe uma chance deles voltarem ao relacionamento e ele também culpa o Atlas pelo que aconteceu com eles.

"É Assim que Começa" traz uma dinâmica diferente do primeiro livro. Os capítulos são divididos entre Lily e Atlas, o que, particularmente, acho muito mais interessante. Podemos ver tanto o que o personagem masculino está pensando quanto a personagem feminina, tornando a experiência mais completa. Além disso, é muito mais impactante saber o quanto ele ama a personagem "vendo" os pensamentos dele.

"Você é minha pessoa favorita, Lily"

"— Vai dirigir oito quilômetros só para me abraçar?
— Eu correria oito quilômetros só para te abraçar."

Acompanhamos também a história de Atlas, toda a sua vida antes de conhecer Lily e os anos que passaram separados. Descobrimos como ele reconstruiu sua vida e tentamos desvendar um "mistério": quem está atacando os restaurantes de Atlas? Isso tem algo a ver com seu passado?

Um personagem que me pegou de surpresa e logo se tornou meu favorito foi Theo. Ele é filho de um dos funcionários e amigo de Atlas, tem apenas 12 anos e é o terapeuta do nosso personagem principal. Sim, um homem de 29 anos tem uma criança de 12 anos como seu psiquiatra amoroso. As conversas e discussões entre eles trazem a leveza que o livro precisava. Theo é quase um irmãozinho para Atlas, ele faz piada de suas cantadas e ensina como conquistar Lily, o que eu particularmente amava, os momentos entre eles eram os mais aguardados por mim."

"— Finalmente chegamos a uma prainha, minha golfinha. 
– Não foi assim que aconteceu. 
– Olha ali! Chegamos à areia, minha querida sereia."

Colleen mais uma vez trabalha de forma sensível de uma maneira excepcional. O livro mostra toda a insegurança que uma mulher sente após sair de uma relação abusiva, que o amor simplesmente não vai embora em um passe de mágica. Durante o livro, Lily passa por momentos em que precisa se lembrar do que aconteceu com ela e como Ryle já a tratou, tudo que eles já passaram durante o relacionamento deles, por que ela ainda vê nele flashes do homem por quem se apaixonou. A personagem traz a visão de que não é simplesmente pedir o divórcio e se distanciar, existem momentos de insegurança e fraqueza.

"Como as pessoas largam esses ciclos quando não têm os recursos que tive nem o apoio dos amigos e da família? Como elas se mantêm fortes em todos os segundos do dia? Me parece que basta um momento de fraqueza, de insegurança, na presença do ex para a pessoa se convencer de que tomou a decisão errada."

"Toda pessoa que já deixou um cônjuge manipulador e abusivo e conseguiu se manter longe dele merece uma medalha. Uma estátua. Um filme de super-herói, cacete."

A autora desenvolve o relacionamento dos personagens com tanto amor e delicadeza, deixando o coração quentinho ao acompanhar a felicidade dos dois, saber que depois de tudo que ambos já passaram, puderam encontrar casa um no outro. Além de ver o crescimento de Lily e como ela conseguiu se manter firme e forte em suas decisões.

"Obrigado por ser a parte mais reconfortante da minha vida neste momento. Obrigado por sempre ser o farol de que eu preciso toda vez que me sinto perdido, quer você queira me iluminar ou não. Eu me sinto grato pela sua existência."