Transplante de Rim une Pai e Filha: Um presente que mudou vidas no PA

Acalita Maria tem insuficiência renal crônica e conheceu o pai biológico em 2022. Neste dia 13 de julho, a família comemora um mês de transplante.

Por Pablo Vastei em 12/07/2023 às 07:13:45

Foto: Divulgação/HRBA

Acalita Maria Dias, uma jovem de 18 anos residente em Rurópolis, no oeste do Pará, expressou sua gratidão ao receber um rim doado por seu pai biológico. Ela não imaginava que, ao conhecer seu pai pela primeira vez, também receberia um presente tão valioso, salvando-a da dependência da hemodiálise e permitindo que ela desfrutasse de sua juventude. O transplante, realizado em junho no Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém, completou um mês e é considerado um sucesso até o momento.

Acalita e Daniel Vieira, de 41 anos, se encontraram pessoalmente em maio de 2022, quando Daniel veio de Boa Vista, Roraima, para fazer o exame de DNA e estabelecer sua paternidade, além de passar por testes de compatibilidade renal. Poucos dias após o primeiro encontro, receberam a notícia positiva para o transplante, o que fortaleceu ainda mais o vínculo entre eles. Todo o processo de preparação durou cerca de um ano, com o acompanhamento efetivo da equipe multiprofissional do serviço de transplante renal do HRBA.

"A gente não se conhecia, e alguns dias antes do meu aniversário de 17 anos, tomei a iniciativa de mandar uma mensagem para ele, dizendo que eu era sua filha. Ele me respondeu imediatamente, e à medida que conversávamos, contei sobre minha condição clínica e minha doença. Foi então que meu pai se manifestou, perguntando como poderia ser meu doador. Fiquei em estado de alegria e choque", relatou Acalita.

Daniel Vieira também contou que ficou assustado quando soube do diagnóstico renal de sua filha e que seu primeiro pensamento foi ajudá-la. "Quando ela entrou em contato comigo, fiquei feliz e depois triste ao saber da situação. É muito doloroso descobrir que nosso filho tem uma doença crônica. Eu não pensei duas vezes e vim para Santarém. A equipe do hospital tornou tudo possível de forma satisfatória e acolhedora", relembrou ele.

Foto: Divulgação/HRBA

O transplante renal é uma opção de tratamento para substituir a função renal em pacientes com doença renal crônica em estágio avançado, quando ocorre a perda gradual e irreversível das funções dos rins, de acordo com o nefrologista Emanuel Espósito, responsável técnico pelo serviço de transplante renal do HRBA. O procedimento cirúrgico completo tem duração média de aproximadamente 8 horas.

O médico Espósito enfatizou a importância do transplante, especialmente no caso de Acalita, por se tratar de um encontro entre pai e filha. Ele explicou que a paciente tinha uma doença renal crônica secundária, uma glomerulopatia, que afeta diretamente os rins. Essa condição resulta na perda de proteína pelos rins, levando à progressiva deterioração do órgão ao longo do tempo.

"Ela foi presenteada duas vezes, com a presença do pai em sua vida e com a doação do rim, e tudo foi perfeitamente compatível. Realizamos uma série de avaliações com diversos especialistas, como cardiologistas, reumatologistas, urologistas, nutricionistas e psicólogos. O procedimento foi um sucesso, com resultados imediatos. O rim começou a produzir urina logo em seguida, o que indica grandes chances de funcionar adequadamente", avaliou o médico.

Após o transplante de rim, Acalita e Daniel permaneceram cerca de 10 dias internados na clínica cirúrgica do hospital, onde receberam acompanhamento profissional de saúde. Embora a recuperação completa geralmente leve cerca de 3 meses, é fundamental seguir os cuidados orientados pelo nefrologista e manter uma alimentação balanceada conforme recomendado pelo nutricionista.

Henrique Rebelo, nefrologista do HRBA, realizou a consulta de um mês após a cirurgia de Acalita e destacou a excelente evolução da paciente, reforçando o sucesso do transplante. Ele afirmou: "Ela está muito bem, os exames estão dentro do esperado, e sua recuperação é excelente. Atualmente, sua função renal está normal, e podemos começar a modular a imunossupressão, reduzindo algumas medicações. Ela já pode iniciar atividades físicas leves, como caminhadas, e retomar as atividades normais que realizava antes da diálise".

O serviço de nefrologia faz parte do Hospital Regional do Baixo Amazonas há 15 anos. Inicialmente, o atendimento era focado na hemodiálise, e em 2016 foi realizado o primeiro transplante renal com doador vivo. Desde 2009, o HRBA também realiza captação de órgãos. Em 2018, a unidade passou a integrar o Sistema Nacional de Doação e Transplante de Órgãos. Apenas no primeiro semestre de 2023, o hospital realizou 13 procedimentos de transplante, todos com resultados positivos.

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