Festival ManíFestar promove cultura, democracia e justiça climática na Amazônia

O festival retorna em 2023 com ações culturais, mostra audiovisual, feira agroecológica e coleta de assinaturas pela Amazônia de Pé e defesa dos povos amazônidas.

Por Pablo Vastei em 07/09/2023 às 07:57:11

Foto: Divulgação

Iniciativas em defesa do meio ambiente e dos povos amazônicos unem forças para conscientizar a população na região do Tapajós durante a 2ª edição do Festival ManíFestar. Este evento, que celebra a cultura, a democracia e a justiça climática nos territórios amazônicos, ocorre em comemoração à Semana da Amazônia.

O Festival ManíFestar oferece uma variedade de atividades, incluindo ações culturais, uma mostra audiovisual, feira agroecológica, coleta de assinaturas pela campanha "Amazônia de Pé" e intervenções artivistas. O evento será nesta quinta-feira (7) com início às 15h, na Praça do Mirante, em Santarém, e a entrada é gratuita.

A programação diversificada do Festival inclui o Sarau Curupira, que conta com uma feira agroecológica apresentando produtos de mulheres da Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Santarém (AMTR), brechós, artesanatos e apresentações musicais de destaque, incluindo a cantora afroamazônida Priscila Castro, o cantor e compositor Rawi, a cantora Ádria Goés, o grupo de comédia AlterNativos, o cantor e ativista Everaldo Martins, a DJ Pedrita e os tradicionais Espanta Cão e Caldo Piranha. Além disso, haverá intervenções artivistas com Norah Costa e exposições sobre artivismo climático nas periferias da Amazônia.

Uma das atrações mais destacadas do evento é a "Mostra Maní de Audiovisual Amazônico", que exibirá 10 filmes comunitários produzidos com baixo custo e equipamentos alternativos, abordando questões socioambientais a partir da realidade da região. Estes filmes, em formato de curta-metragens e séries, são protagonizados por ativistas amazônicos e produzidos por organizações, coletivos e produtoras audiovisuais e socioculturais locais e regionais, como o Conselho Indígena Tapajós-Arapiuns (CITA), os Guardiões do Bem Viver do Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) Lago Grande, a ONG Terra de Direitos e a Federação das Organizações Quilombolas de Santarém (FOOQS), além da produtora independente Dzawi Filmes e o projeto "Telas em Rede" de democratização do cinema nas periferias de Santarém.

Foto: Divulgação

Marcos Wesley, um dos produtores executivos do festival, enfatiza que a valorização da cultura é ferramenta importantíssima de transformação social a partir do território, mas que reverbera para além, globalmente. “Em 2022, tivemos grande aprendizado com o ManíFestar. Sua construção é necessária e de fundamental importância para a Amazônia. Ao debateremos nesta edição, novamente, a agenda climática, precisamos estar mais do que atentos para o futuro que queremos, principalmente com a vinda do maior evento climático do mundo para o nosso território, a COP 30, em 2025, e ainda mais em nossa região, que tanto sofre com projetos que buscam apenas o lucro do grande capital”.

A segunda edição do Festival ManíFestar concentra sua atenção nas discussões políticas e ambientais relacionadas à COP 30 e como as organizações da região do Tapajós se articulam para garantir sua participação e representação nesse importante evento global. Questões como desmatamento e interesses portuários são preocupações significativas, especialmente para as populações indígenas e ribeirinhas que frequentemente não são consultadas durante processos decisórios.

Outros desafios, como a mineração e o garimpo ilegal, também estão presentes na região. De acordo com um estudo realizado em parceria com a Universidade Federal do Oeste do Pará, a Fiocruz e o WWF-Brasil, 75,6% dos adultos das áreas urbanas e ribeirinhas do Baixo Tapajós apresentam níveis de contaminação por mercúrio no sangue acima do limite de segurança estabelecido pela OMS.

Abordar questões socioambientais como a justiça climática por meio da cultura e do audiovisual é fundamental para fortalecer o espaço cívico e enfatizar o papel crucial da Amazônia no cenário global. A oportunidade de sediar a COP 30 no Brasil reforça a necessidade de organização para destacar as demandas e denúncias da região e exigir mudanças.

Matheus Botelho, coordenador geral da Na Cuia Produtora Cultural e um dos produtores executivos do ManíFestar, destaca o objetivo de reunir diferentes públicos das organizações da região. “Para ações coordenadas de distribuição e compartilhamento de informações sobre: A importância da celebração da cultura como forma de atuação política no território; O que é a COP 30 e o que se faz nesses espaços de decisão da política climática global?; Como e por que é importante não esquecermos do voto como principal ferramenta de defesa dos nossos territórios, da Amazônia, mas principalmente da democracia? Perguntas que se somam no esforço coletivo da sociedade civil de alertar e conscientizar a população ainda não engajada em pautas socioambientais nos territórios amazônicos”.

A "Mostra Maní de Cinema Amazônico" é uma parte essencial do Festival, pois visa difundir obras de realizadores locais, fortalecer narrativas protagonizadas pelas juventudes dos territórios e destacar as lutas das comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas da Amazônia paraense.

O "Sarau Curupira" é um evento cultural que combina música, dança, declamação de poemas, intervenções de artivismo e debates sobre questões específicas da região amazônica. Promovido pelo Tapajós de Fato, desempenha um papel importante na sensibilização da população em prol da sustentabilidade e da justiça social no Baixo Tapajós.

Foto: Divulgação

O Festival ManíFestar faz parte da Virada Amazônia de Pé, uma mobilização nacional em comemoração ao Dia da Amazônia, celebrado em 5 de setembro. Esta iniciativa busca sensibilizar a população brasileira para apoiar os direitos dos povos da Amazônia e a preservação do território, além de apoiar ativistas e coletivos que lutam por justiça climática na região.

O projeto cultural ManíFestar é uma iniciativa que busca impulsionar a democracia e defender os territórios amazônicos por meio da comunicação e da cultura popular. Reúne organizações, coletivos e iniciativas do Baixo Tapajós à Baía do Guajará, utilizando diversas formas de expressão artística para alertar sobre questões relacionadas à preservação da Amazônia e das pessoas que a defendem.

A primeira edição do Festival ManíFestar ocorreu em 2022 e envolveu atividades formativas, mostras de cinema, assembleias e uma programação cultural aberta ao público, reunindo milhares de pessoas em Santarém e região.

Comunicar erro
PLAY
PLAY 2

Comentários

DOE SANGUE