Polícia Federal desmonta organização criminosa de desmatamento no Pará

O esquema tinha "olheiros" para se antecipar às fiscalizações.

Por Pablo Vastei em 05/10/2023 às 13:27:56

Foto: Divulgação/Polícia Federal

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira (5), a operação "Stang" no município de Anapu, no estado do Pará. A ação teve como alvo um grupo organizado de madeireiros envolvidos em desmatamento ilegal na região, bem como seus informantes conhecidos como "olheiros", responsáveis por alertar sobre a chegada de fiscalizações ambientais.

Ao todo, foram cumpridos 9 mandados de prisão preventiva e 10 mandados de busca e apreensão, resultando na apreensão de armas de fogo, veículos, aparelhos celulares e documentos relevantes para a investigação.

A Justiça autorizou a apreensão de bens no valor de até R$ 1 milhão de cada um dos 12 investigados. Três deles são suspeitos de realizar desmatamento sem autorização, enquanto os demais fazem parte de um esquema organizado para avisar sobre operações ambientais em andamento.

De acordo com as informações obtidas durante a investigação, os informantes cobravam R$ 200 por pessoa para fornecer informações sobre a movimentação de órgãos de fiscalização e policiais. Esse esquema ilícito gerava lucros mensais que podiam ultrapassar R$ 40 mil. Quando informados sobre operações iminentes, os madeireiros escondiam toras de madeira e maquinários para evitar a apreensão.

O comércio ilegal de madeira na região é altamente lucrativo. Por exemplo, cinquenta árvores de ipê serradas poderiam render cerca de R$ 1 milhão na exportação. Além disso, madeiras de castanheiras e angelim-pedra, cujo corte é proibido devido à ameaça de extinção, estavam entre os alvos dos criminosos.

Os investigados enfrentam uma série de acusações, incluindo crimes de organização criminosa, desmatamento, receptação, dificultação da fiscalização ambiental, ocultação de patrimônio e estelionato.

A região de Anapu ganhou notoriedade internacional em 2005 com o assassinato da irmã Dorothy Mae Stang, que dedicou sua vida à defesa das terras e dos povos da Amazônia e foi morta por madeireiros da região. É em homenagem a ela que a operação recebeu seu nome. Dorothy Stang, conhecida como a "irmã Dorothy", foi assassinada aos 73 anos, após receber ameaças em decorrência de sua atuação em conflitos agrários na região.

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