Servidora pública denuncia perseguição e ameaças de morte em Juruti, no PA

Funcionária da Semsa descobriu assinatura em 19 contratos com seu nome. Ela fez acordo de delação premiada à Polícia Federal

Por Redação/Portal do Tapajós em 09/04/2024 às 20:10:22

Foto: Reprodução

Uma servidora pública da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) de Juruti, no oeste do Pará, denuncia que está enfrentando ameaças de morte. Daniele Cristina Brito Santana revelou pela redes sociais que vem sofrendo perseguições frequentes. O caso envolve possíveis esquemas em contratos firmados pela Prefeitura de Juruti, especificamente na pasta da saúde. A informação foi divulgada com exclusividade pelo Diário do Tapajós.

Desde então, Daniele relata ter sido alvo de perseguições, intimidações e ameaças vindas de indivíduos supostamente ligados à gestão municipal. Em um desabafo nas redes sociais, a servidora expôs o drama, marcando a prefeita de Juruti e pedindo por intervenção para tentar se proteger.

"Por favor, peça pro povo da sua gestão parar de me ameaçar, de me perseguir. Já tá demais eu recebendo ameaças, áudio de ameaças de morte. Eu que tanto trabalhei para senhora, sempre fiz tudo o que me mandavam, sempre ajudei em tudo. Tenho provas de áudio. De mensagem de gente da sua gestão me ameaçando. Já acionei meus advogados, já acionei minha família de Manaus, de Roraima e de Itaituba. Já fiz um vídeo contando tudo o que tão fazendo comigo. Se eu morrer ou me pegarem pela rua, já tá tudo pronto. Meus documentos são provas de que foi da sua gestão", escreveu

Foto: Reprodução/Redes Sociais

As ameaças contra a servidora começaram após ela ter sido intimada pela Polícia Federal para depor sobre supostas irregularidades na saúde do município. À época, Daniele foi orientada a não comparecer à PF e que era para ela acionar o procurador jurídico do município, que ele a orientaria sobre o caso.

Daniele gravou a conversa, que também foi juntada como prova e já está em poder da polícia.

As tensões aumentaram quando Daniele descobriu que sua assinatura estava sendo utilizada em contratos suspeitos, sem seu conhecimento. Segundo as investigações, a gestão municipal teria colocado o nome da servidora como fiscal de contratos, enquanto outra pessoa assinava em seu lugar.

Diante das ameaças e intimidações, onde inclusive tentaram desqualificar a funcionária alegando que ela teria problemas psiquiátricos, pois assim, as denúncias não teriam fundamento, Daniele não se intimidou e tornou público o sofrimento. Ela registrou boletim de ocorrência, obteve medida protetiva e reuniu provas das ameaças que vem recebendo.

"Eu gostaria de informar a todos que me conhecem que estou sendo ameaçada de morte e gente grande está me ameaçando. Queria deixar registrado se eu sumir e for encontrada morta, foi gente conhecida que mandou me matar e foi morte encomendada. Então, por favor, orem por mim, pois estou sendo ameaçada. Já registrei BO, já estou com medida protetiva e tenho provas de ameaça. A minha família já está tomando as providências. Se acontecer alguma coisa, minha família tem provas. Isso é coisa de gente grande", desabafou.

Foto: Reprodução/Redes Sociais

A situação ganhou proporções políticas quando vereadores dos partidos Republicados, PL e PT apresentaram um requerimento para instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar irregularidades contratuais na saúde pública de Juruti. Apesar da resistência da base governista, a Justiça determinou, por meio de liminar, a criação da CPI, reconhecendo os requisitos constitucionais legais para sua instauração.


Na decisão, o juiz Odinandro Garcia Cunha, da Vara Única de Juruti, julgou procedente o pedido, concedendo liminar para determinar a adoção imediata de providências necessárias à criação e instalação de CPI, anulando o ato da Mesa Diretora, que recusou/não aprovou a instauração.


Além disso, o Conselho Municipal de Saúde de Juruti também tem alertado sobre supostas irregularidades, indicando discrepâncias nas contas públicas e atrasos nos pagamentos de médicos, apesar dos recursos disponíveis.

Enquanto isso, o Tribunal de Contas da União (TCU) investiga possíveis irregularidades em contratos firmados entre a Prefeitura e empresas prestadoras de serviços de saúde, incluindo a prorrogação de contratos no valor de R$ 20 milhões.

O Portal Diário do Tapajós procurou as partes envolvidas para esclarecimentos, porém até o momento não houve nenhuma resposta.

Comunicar erro
PLAY
PLAY 2

Comentários

DOE SANGUE