A malária, transmitida pela picada do mosquito-prego infectado pelo parasito do gênero Plasmodium, continua a ser um grave problema de saúde pública no estado do Pará. Caracterizada por febre, calafrios, tremores, suor excessivo, dores de cabeça e no corpo, a doença foi responsável pela morte de 23 pessoas entre 2018 e 2022, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Apenas no ano passado, foram registrados 23,6 mil casos dessa infecção no estado.
Uma Doença Socialmente Determinada
O veterinário Armando da Silva Fayal, de 64 anos, residente em Belém, contraiu malária durante um trabalho de campo no município de Jacareacanga, no sudoeste do Pará. Fayal estava coletando mosquitos numa área de alta incidência da doença quando começou a sentir febre cíclica e calafrios, sintomas típicos da malária. "Por conhecer a doença, desconfiei e procurei uma Unidade Básica de Saúde. Em menos de 24 horas, comecei o tratamento", relatou.
Jacareacanga é um município com 80% da população indígena, presença de garimpos e carência de saneamento básico, fatores que contribuem para a perpetuação da malária. "A cidade é atravessada por um rio sem influência de maré, com seis meses de cheia e seis meses de seca", descreveu Fayal. Ele foi infectado em dezembro de 2022, no início das cheias, período em que os criadouros do mosquito vetor se formam.
De acordo com o Ministério da Saúde, a malária é mais presente em áreas rurais, assentamentos, terras indígenas e em regiões de garimpo.
Programa Brasil Saudável e Metas de Eliminação
Segundo o Ministério da Saúde, a malária é evitável e curável se tratada adequadamente. No entanto, as condições sociais desempenham um papel crucial na manutenção da doença. Para enfrentar esse desafio, o governo lançou o programa Brasil Saudável em fevereiro, envolvendo 14 ministérios. Sob coordenação do Ministério da Saúde, o programa visa acabar com a fome e a pobreza, promover a proteção social e os direitos humanos, capacitar agentes sociais, e fomentar ciência, tecnologia e inovação, além de expandir iniciativas de infraestrutura, saneamento e meio ambiente.
"Temos que atuar em várias frentes para diminuir a carga global da doença. Usamos mosquiteiros, inseticidas, educação em saúde, repelentes e telas nas casas, mas o mais importante é diagnosticar e tratar", explicou Alexander Vargas, coordenador de Eliminação da Malária do Ministério da Saúde. O objetivo é eliminar a transmissão da malária até 2035 e zerar as mortes até 2030.
Principais Áreas de Transmissão no Pará
O Pará concentra os maiores números de casos de malária em duas regiões com características distintas. O Baixo Amazonas, com grande concentração de garimpos em Jacareacanga e Itaituba, vê um aumento dos casos devido à atividade garimpeira e à destruição ambiental. No Marajó, a principal característica é a presença de municípios ribeirinhos com atividades de extrativismo, onde a população adentra a mata, aumentando o risco de infecção.
Para controlar a doença, a Secretaria de Estado da Saúde do Pará (Sespa) distribuiu 7,5 mil mosquiteiros impregnados com inseticida de longa duração, 249,4 mil comprimidos de medicamentos antimaláricos e 7,5 mil testes rápidos nos primeiros três meses de 2024.
Detecção e Tratamento
O tratamento da malária é mais eficaz quando iniciado rapidamente para eliminar o parasita da corrente sanguínea e evitar complicações. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) recomenda combinações terapêuticas à base de artemisinina (ACTs) para Plasmodium falciparum e cloroquina para Plasmodium vivax. Ambos os tratamentos são fornecidos gratuitamente pelo SUS.
Recentemente, o Brasil implementou o uso da Tafenoquina, um medicamento inovador administrado em um único dia, que permanece no organismo por até 28 dias, prevenindo recaídas e aumentando a adesão ao tratamento.
Em Belém, o Hospital da Santa Casa de Misericórdia do Pará é a unidade de referência para o tratamento da malária, com atendimento 24 horas por dia.
Prevenção
A prevenção da malária envolve medidas individuais e coletivas, como o uso de mosquiteiros, telas em portas e janelas, roupas que protejam pernas e braços, repelentes, borrifação residual intradomiciliar, drenagem e aterro de criadouros, pequenas obras de saneamento, limpeza das margens dos criadouros, modificação do fluxo da água, controle da vegetação aquática, e melhoramento das condições de moradia e trabalho.
Para mais informações sobre a malária e o Programa Brasil Saudável, ou ligue para o Disque Saúde 136, que funciona 24 horas e oferece ligação gratuita.
Fonte: (*) com informações do Brasil 61