Projeto Vaga Lume fomenta a leitura e empodera crianças na Amazônia com novas bibliotecas comunitárias em Oriximiná, no PA

Bibliotecas comunitárias envolvem crianças e adultos com o incentivo à leitura em comunidades do município.

Por Pablo Vastei em 14/07/2023 às 07:05:42

Foto: Divulgação/MRN

Em uma iniciativa que visa empoderar crianças em comunidades da Amazônia por meio do incentivo à leitura, o Projeto Vaga Lume tem como propósito estabelecer bibliotecas comunitárias como espaços de compartilhamento de conhecimento. Com bibliotecas espalhadas pelas comunidades de Boa Vista, Serrinha, Moura, Flexal e Lago do Ajudante, no município de Oriximiná, oeste do Pará, a iniciativa recebeu apoio da Mineração Rio do Norte (MRN) em 2022. Por meio da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura (Lei 8.313), foi possível implantar uma nova biblioteca na comunidade Jarauacá. Além disso, neste ano, 30 membros da comunidade receberam formação continuada em Mediação de Leitura e Gestão de Bibliotecas Comunitárias.

"Aprendi muito com esses livros", diz Nathiene Lopes, uma jovem entusiasta. Com a chegada da biblioteca em Jarauacá, suas incursões no universo da literatura se tornaram cada vez mais frequentes. "Minha amiga e eu sempre vamos juntas para lá. Colegas da escola também vão, pegam livros emprestados e ficamos lendo. Eu acho isso muito importante", afirma Nathiene.

Lene Vieira, voluntária do projeto e participante da formação continuada, observa com admiração as palavras da menina. Ela ressalta que a defasagem dos estudantes, que era uma realidade após a pandemia, tem sido transformada gradualmente pelos livros.

"Foi muito gratificante. Quando os livros chegaram, foi uma surpresa enorme, tanto para as crianças quanto para os idosos. E a cada dia eles têm se interessado mais e mais. Nossa biblioteca está sempre aberta. Hoje, vemos que nossas crianças tiveram um bom desenvolvimento com o Vaga Lume. Esperamos que o projeto continue apoiando nossa escola", destaca Lene.

Valdenice de Oliveira, também voluntária do projeto e nativa da comunidade Jarauacá, vê a chegada da biblioteca como um grande avanço para a comunidade. Ela relata que as diferentes opções de livros têm impactado positivamente na maneira como os moradores contam sua própria história. "São informações que podem nos ajudar a escrever um livro sobre nós no futuro. Nosso desejo é que isso cresça e fortaleça ainda mais nossa biblioteca", afirma Valdenice.

As histórias estimulam Francilene Lemos, agente educacional da comunidade Santana e entusiasta da biblioteca. "Estamos coletando dados para criar um livro que conte sobre nossas comunidades. Isso é o que significa ter uma biblioteca. É expandir horizontes, conhecer novos países, aventuras e culturas. Aqui, por exemplo, é conhecida como a comunidade mãe, que gerou descendentes rio acima e rio abaixo, porque foi daqui que os filhos dos comunitários fundaram outras comunidades ao redor. Eu sou particularmente apaixonada por isso", destaca Francilene.

Foto: Divulgação/MRN

Klíssia Lopes, que atua como representante local da iniciativa há 16 anos, relata que a transformação das realidades tem sido efetiva desde a chegada do Vaga Lume às comunidades, resultando em muitos resultados significativos. "Ficamos extremamente satisfeitos com o trabalho de multiplicação. Essa recente parceria com a Mineração Rio do Norte certamente renderá bons frutos", afirma Klíssia.

A ONG Vaga Lume, cujo foco é atender as comunidades rurais da Amazônia, onde residem cerca de 24 milhões de brasileiros, tem como base princípios como humanismo, escuta e diversidade local e cultural. A organização planeja triplicar o número de bibliotecas comunitárias em espaços como comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas. Segundo Fernanda Prado, gerente de Relações Institucionais da entidade, compartilhar histórias permite reduzir distâncias, mas doar livros não é suficiente; é necessário formar mediadores.

"A doação de um livro não faz alguém se tornar leitor. É preciso envolver pais, tios, professores e membros da comunidade para estimular as crianças a lerem por prazer, não por obrigação. Isso é o que muda tudo, quando as crianças começam a ver a leitura como algo divertido. Ao retornar à comunidade Jarauacá um ano depois, vejo o quanto as pessoas estão engajadas e felizes com o projeto. Tenho certeza de que eles cuidarão muito bem dessa biblioteca e de todas as iniciativas que estão por vir", destaca Fernanda.

Prado ressalta que esse propósito só é possível com o apoio efetivo de instituições públicas e privadas. Ela expressa gratidão e parabeniza a Mineração Rio do Norte não apenas pela parceria, mas também por entender que a educação é a chave para transformar a vida das crianças, que são os verdadeiros guardiões da floresta.

A Lei Rouanet, também conhecida como Lei nº 8.313 de Incentivo à Cultura, criada em 1991, tem sido o principal fomentador de ações culturais no Brasil. Anualmente, a MRN abre um edital de projetos culturais que beneficiam crianças, jovens e adultos nos municípios de Faro, Oriximiná e Terra Santa. O Projeto Vaga Lume foi um dos projetos aprovados no edital de 2021. A empresa estima investir cerca de R$ 1 milhão nas iniciativas apenas para o ano de 2023.

"Acreditamos que a leitura une comunidades e pessoas. O projeto não só fomenta a leitura, mas também incentiva a gestão comunitária por meio da biblioteca. Os voluntários vão às casas das pessoas e leem, promovendo a integração nas comunidades e o incentivo à cultura. Cultura é educação, e esse é o legado que a MRN está construindo na região, porque acreditamos que, por meio da educação, desenvolvemos indivíduos, e são eles que desenvolvem a comunidade em que vivem", destaca Bianca Bentes, analista de Relações Comunitárias da MRN.

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