Em uma iniciativa que visa empoderar crianças em comunidades da Amazônia por meio do incentivo à leitura, o Projeto Vaga Lume tem como propósito estabelecer bibliotecas comunitárias como espaços de compartilhamento de conhecimento. Com bibliotecas espalhadas pelas comunidades de Boa Vista, Serrinha, Moura, Flexal e Lago do Ajudante, no município de Oriximiná, oeste do Pará, a iniciativa recebeu apoio da Mineração Rio do Norte (MRN) em 2022. Por meio da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura (Lei 8.313), foi possível implantar uma nova biblioteca na comunidade Jarauacá. Além disso, neste ano, 30 membros da comunidade receberam formação continuada em Mediação de Leitura e Gestão de Bibliotecas Comunitárias.
"Aprendi muito com esses livros", diz Nathiene Lopes, uma jovem entusiasta. Com a chegada da biblioteca em Jarauacá, suas incursões no universo da literatura se tornaram cada vez mais frequentes. "Minha amiga e eu sempre vamos juntas para lá. Colegas da escola também vão, pegam livros emprestados e ficamos lendo. Eu acho isso muito importante", afirma Nathiene.
Lene Vieira, voluntária do projeto e participante da formação continuada, observa com admiração as palavras da menina. Ela ressalta que a defasagem dos estudantes, que era uma realidade após a pandemia, tem sido transformada gradualmente pelos livros.
"Foi muito gratificante. Quando os livros chegaram, foi uma surpresa enorme, tanto para as crianças quanto para os idosos. E a cada dia eles têm se interessado mais e mais. Nossa biblioteca está sempre aberta. Hoje, vemos que nossas crianças tiveram um bom desenvolvimento com o Vaga Lume. Esperamos que o projeto continue apoiando nossa escola", destaca Lene.
Valdenice de Oliveira, também voluntária do projeto e nativa da comunidade Jarauacá, vê a chegada da biblioteca como um grande avanço para a comunidade. Ela relata que as diferentes opções de livros têm impactado positivamente na maneira como os moradores contam sua própria história. "São informações que podem nos ajudar a escrever um livro sobre nós no futuro. Nosso desejo é que isso cresça e fortaleça ainda mais nossa biblioteca", afirma Valdenice.
As histórias estimulam Francilene Lemos, agente educacional da comunidade Santana e entusiasta da biblioteca. "Estamos coletando dados para criar um livro que conte sobre nossas comunidades. Isso é o que significa ter uma biblioteca. É expandir horizontes, conhecer novos países, aventuras e culturas. Aqui, por exemplo, é conhecida como a comunidade mãe, que gerou descendentes rio acima e rio abaixo, porque foi daqui que os filhos dos comunitários fundaram outras comunidades ao redor. Eu sou particularmente apaixonada por isso", destaca Francilene.
Klíssia Lopes, que atua como representante local da iniciativa há 16 anos, relata que a transformação das realidades tem sido efetiva desde a chegada do Vaga Lume às comunidades, resultando em muitos resultados significativos. "Ficamos extremamente satisfeitos com o trabalho de multiplicação. Essa recente parceria com a Mineração Rio do Norte certamente renderá bons frutos", afirma Klíssia.
A ONG Vaga Lume, cujo foco é atender as comunidades rurais da Amazônia, onde residem cerca de 24 milhões de brasileiros, tem como base princípios como humanismo, escuta e diversidade local e cultural. A organização planeja triplicar o número de bibliotecas comunitárias em espaços como comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas. Segundo Fernanda Prado, gerente de Relações Institucionais da entidade, compartilhar histórias permite reduzir distâncias, mas doar livros não é suficiente; é necessário formar mediadores.
"A doação de um livro não faz alguém se tornar leitor. É preciso envolver pais, tios, professores e membros da comunidade para estimular as crianças a lerem por prazer, não por obrigação. Isso é o que muda tudo, quando as crianças começam a ver a leitura como algo divertido. Ao retornar à comunidade Jarauacá um ano depois, vejo o quanto as pessoas estão engajadas e felizes com o projeto. Tenho certeza de que eles cuidarão muito bem dessa biblioteca e de todas as iniciativas que estão por vir", destaca Fernanda.
Prado ressalta que esse propósito só é possível com o apoio efetivo de instituições públicas e privadas. Ela expressa gratidão e parabeniza a Mineração Rio do Norte não apenas pela parceria, mas também por entender que a educação é a chave para transformar a vida das crianças, que são os verdadeiros guardiões da floresta.
A Lei Rouanet, também conhecida como Lei nº 8.313 de Incentivo à Cultura, criada em 1991, tem sido o principal fomentador de ações culturais no Brasil. Anualmente, a MRN abre um edital de projetos culturais que beneficiam crianças, jovens e adultos nos municípios de Faro, Oriximiná e Terra Santa. O Projeto Vaga Lume foi um dos projetos aprovados no edital de 2021. A empresa estima investir cerca de R$ 1 milhão nas iniciativas apenas para o ano de 2023.
"Acreditamos que a leitura une comunidades e pessoas. O projeto não só fomenta a leitura, mas também incentiva a gestão comunitária por meio da biblioteca. Os voluntários vão às casas das pessoas e leem, promovendo a integração nas comunidades e o incentivo à cultura. Cultura é educação, e esse é o legado que a MRN está construindo na região, porque acreditamos que, por meio da educação, desenvolvemos indivíduos, e são eles que desenvolvem a comunidade em que vivem", destaca Bianca Bentes, analista de Relações Comunitárias da MRN.