Desde a coleta dos ovos nas praias de desova até a soltura dos animais, o PQT acompanha meticulosamente o ciclo de vida dos quelônios, assegurando a perpetuação das espécies na região. O programa, que conta com a participação ativa de famílias das comunidades locais, que atuam como voluntárias na proteção dos ninhos e na soltura dos filhotes, é fundamental para o sucesso dessa iniciativa de conservação ambiental.
Raimundo Dias Barbosa, 77 anos, voluntário desde os primórdios do programa, destaca a evolução notável que testemunhou: "Antigamente, não tínhamos tantos tracajás como temos hoje e a desova a cada ano sobe. Essa é uma razão de estar todo ano ajudando e beneficiando a nossa comunidade", afirmou. Da mesma forma, Dulcinea de Jesus Barbosa, 68 anos, compartilha sua motivação para participar: "A gente quer ver o bem-estar da comunidade. Aceitamos a proposta de cuidar dos quelônios para ajudar a natureza. Amamos a comunidade e os animais que vivem por lá. Me sinto feliz em cuidar da natureza", disse.
O Programa Quelônios do Rio Trombetas tem uma história de mais de 40 anos na região. Inicialmente denominado "Quelônios Amazônicos" e conduzido pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), posteriormente pelo IBAMA, e agora pelo ICMBio, o programa contribui significativamente para a preservação da tartaruga-da-amazônia, tracajá e pitiú na Reserva Biológica do Rio Trombetas (Rebio Trombetas).
Misael Freitas dos Santos, chefe do Núcleo de Gestão Integrada (NGI) do ICMBio Trombetas, ressalta a importância vital dessa atividade para o equilíbrio ambiental da região: "Sem a existência do PQT, certamente a tartaruga-da-amazônia estaria extinta no rio Trombetas e outras espécies, como tracajá e pitiú, se encontrariam no mesmo processo de intenso declínio populacional."