Um estudo liderado pela pesquisadora Luciana Gatti e assinado por trinta cientistas revelou um preocupante aumento nas emissões de dióxido de carbono (CO2) na Amazônia. De acordo com os dados obtidos pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) e divulgados nesta quarta-feira (23) pela revista Nature, as emissões de CO2 aumentaram incríveis 122% em 2020 em comparação com a média dos anos de 2010 a 2018. Essa alarmante descoberta traz à tona uma situação crítica na região.
"Nós tivemos um desmatamento que aumentou 90%, tivemos um aumento de 700% na exportação da madeira bruta, 70% da área plantada de soja. O rebanho bovino também cresceu, registrando 14% na Amazônia, além da área queimada na floresta que teve um aumento de 42%", explica a pesquisadora Luciana Gatti. Esses fatores diversos contribuíram para o aumento significativo nas emissões.
Ainda segundo a pesquisa, os impactos não se limitam ao clima local; isso afeta o sistema de chuvas e a temperatura de outras áreas do Brasil. A Amazônia é também a principal floresta tropical no mundo. Portanto, contribui para as mudanças climáticas em nível global.
A pesquisadora ressaltou que, embora não tenhamos atingido um ponto sem retorno, "não basta falar 'desmatamento zero' porque hoje, por exemplo, no sudeste da Amazônia, as árvores já morrem mais do que crescem. Assim, já estamos tendo uma perda florestal, mesmo que o homem não faça mais nada. Portanto, se pararmos o desmatamento, continuaremos perdendo floresta devido à condição climática estressante que já está presente."
A Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, anunciou que o Governo Federal está tomando medidas para enfrentar essa crise. "Como anunciamos na Cúpula da Amazônia, destinamos 3 bilhões e 400 milhões de reais exatamente com o objetivo de ter uma visão sustentável e de observar essa riqueza pouco conhecida, correspondente a 60% do território brasileiro, mas que precisa cada vez mais de um plano de sustentabilidade", disse a ministra.
Nesta quinta-feira (24), o Ministério do Meio Ambiente e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) devem relançar o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima, reforçando o compromisso do governo em lidar com essa crise ambiental que afeta não apenas a Amazônia, mas também todo o ecossistema global.