Baixa precisão de dados geográficos compromete aplicação do CAR 2.0, aponta estudo

Instituto Centro de Vida destaca a necessidade de bases cartográficas detalhadas e faz recomendações para aprimorar a análise automatizada do Cadastro Ambiental Rural no Brasil.

Por Redação/Portal do Tapajós em 08/08/2024 às 14:42:26

Foto: Reprodução

Uma nota técnica divulgada nesta quarta-feira (7) pelo Instituto Centro de Vida (ICV) destacou a baixa precisão das bases de dados geográficos como o principal gargalo para a plena aplicação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) 2.0, lançado em agosto de 2023 no Pará. O documento analisa os três sistemas automatizados de análise do CAR atualmente em operação no Brasil: o AnalisaCAR, do Serviço Florestal Brasileiro; o CAR 2.0, fruto de uma cooperação entre o governo do Pará e o Centro de Inteligência Territorial da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); e o CAR Digital, implementado pelo governo de Mato Grosso.

De acordo com a nota, a baixa precisão das bases de dados geográficos, que necessitam ser confeccionadas em escalas detalhadas como 1:25.000 ou melhores, é um desafio comum a todos os três sistemas. O analista de geotecnologias do ICV, Weslei Butturi, explicou que a produção dessas bases demanda tempo e mão de obra qualificada, o que representa um desafio significativo para os órgãos ambientais estaduais.

"As bases aplicadas precisam ser detalhadas, o que é escasso em grande parte do território nacional. A confecção dessas bases exige um grande esforço e corpo técnico especializado, geralmente não sendo um processo totalmente automatizado", afirmou Butturi.

Além da baixa precisão, outros fatores contribuem para que os sistemas automatizados ainda não operem em sua capacidade total. Entre esses fatores estão a incapacidade dos sistemas de cobrir todos os casos de regularização ambiental e falhas na comunicação do processo, que dificultam a validação dos cadastros.

A automatização do processo, que visa acelerar a análise dos imóveis rurais, ainda enfrenta desafios em termos de infraestrutura e adaptação às realidades de cada estado. O AnalisaCAR, em funcionamento há três anos, está presente em 11 estados e está diretamente ligado ao governo federal, mas segundo o ICV, ainda necessita de melhorias estruturais.

O CAR 2.0, que começou a operar no Pará e está em fase de testes em Minas Gerais e no Maranhão, ainda carece de informações sobre o prazo de resposta às notificações. Já o CAR Digital, lançado em março de 2024 em Mato Grosso, atua como complemento ao Sistema Mato-grossense de Cadastro Ambiental Rural (SIMCAR).

A nota técnica também oferece recomendações para o aprimoramento dos sistemas, como o fortalecimento das bases cartográficas digitais, a criação de uma força-tarefa para incluir outros estados nos módulos de análise automatizada, e a integração dos diferentes sistemas em uma base nacional.

"Embora ainda recentes, os sistemas automatizados representam um avanço importante na análise dos processos do CAR e, com o tempo, poderão garantir a aplicação efetiva do Código Florestal em todo o território nacional", conclui a nota do ICV.

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