Morre aos 79 anos o compositor e violonista Sebastião Tapajós

O músico paraense passou por uma cirurgia em Santarém e sofreu um mal súbito

Por Pablo Vastei em 04/10/2021 às 09:05:22

Sebastião Tapajós (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

Morreu na noite do último sábado (2) em Santarém, oeste do Pará, o violonista Sebastião Tapajós, aos 79 anos. O músico paraense estava internado no Hospital da Unimed, onde passou por uma cirurgia, e receberia alta no domingo, mas teve um mal súbito e morreu. Sebastião é considerado um dos principais violonistas brasileiros e fez sucesso internacional a partir da década de 1970.

O velório do artista aconteceu na Casa da Cultura de Santarém e a missa de corpo presente na Catedral Metropolitana de Nossa Senhora da Conceição.

Desde que foi confirmada a morte do violonista, dezenas de manifestações de pesar estão sendo compartilhadas nas redes sociais.

 
 
 
 
 
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Uma publicação compartilhada por Fafá de Belém (@fafadbelem)

 
 
 
 
 
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Uma publicação compartilhada por Nilson Chaves (@nilsonchavesoficial)

Sebastião Tapajós se apresentaria no cineteatro do Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa) no dia 18, parte das comemorações pela Semana do Médico. “Há um ano ele foi contratado para uma apresentação no cineteatro, mas a pandemia interrompeu as apresentações presenciais no espaço e os médicos esperavam ansiosos a apresentação deste mês”, informou o sindicato.

Foto: Reprodução

História e carreira

O artista paraense se considerava natural de Santarém (PA), onde foi registrado, mas a rigor, por capricho do destino, Sebastião Pena Marcião (16 de abril de 1942 – 2 de outubro de 2021) veio ao mundo no município vizinho de Alenquer, nascido em barco que navegava no rio Surubiú em direção a Santarém.

Foi para celebrar cidade em que se criou que Sebastião adotou o sobrenome artístico de Tapajós, em alusão ao rio que banha o município de Santarém.

Sebastião teve os primeiros contatos com o violão aos nove anos, por intermédio de seu pai, e se tornou um autodidata. Anos depois, estudou teoria musical em Belém e, em 1963, fez um curso intensivo de técnica violonística com Othon Saleiro, no Rio de Janeiro. Foi nesse ano que lançou seu álbum de estreia, Apresentando Sebastião Tapajós e seu Conjunto. Em 1964, foi viver em Portugal, com uma bolsa de estudos no Conservatório Nacional de Música de Lisboa, e depois rumou à Espanha, para frequentar o Instituto de Cultura Hispânica de Madri. Voltou ao Brasil e deu aulas no Conservatório Carlos Gomes, em Belém, até 1967.

Sebastião Tapajós gravou mais de 50 discos, sendo o primeiro de 1967, com o nome de Violão e Tapajós, e o último, de 2014, com o título de Violões do Pará, em parceria com Salomão Habib.

De acordo com o Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, o músico foi estudar na Europa em 1964 e se formou no Conservatório Nacional de Música de Lisboa. Estudou também na Espanha e, de volta ao Brasil, lecionou violão clássico no Conservatório Carlos Gomes de Belém e, no Rio de Janeiro, se dedicou à pesquisa de música popular e folclórica.

Na década de 1970 fez turnês pela Europa ao lado de Paulinho da Viola e Maria Bethânia e gravou na Alemanha, e ainda lançou discos com temas regionais do Pará e da América Latina. Gravou também com o Zimbo Trio, Maurício Einhorn, Gilson Peranzzetta, Jane Duboc e Nilson Chaves.

Em 1992 recebeu o prêmio de Melhor Músico Brasileiro, concedido pela Academia Brasileira de Letras. Em 2013 recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade do Estado do Pará (UEPA) e também da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). No ano em que completou 75 anos, em 2017, foi fundado em Santarém o Instituto Sebastião Tapajós, uma iniciativa de amigos do músico para divulgar a obra do violonista e de outros artistas locais.

Ao longo da carreira, Sebastião Tapajós reinterpretou melodias e canções de grandes nomes brasileros como Villa-Lobos, Radamés Gnattali, Guerra-Peixe, Cartola, Ary Barroso e Pixinguinha, além de pesquisar os ritmos da Amazônia e gravar discos em parceria com Hermeto Pascoal, Baden Powell, Sivuca, Gerry Mulligan, Oscar Peterson, Paquito D’Rivera e Astor Piazzolla.

Consagrado internacionalmente, Tapajós costumava fazer turnês por diversos países. Foi gravado por artistas como Emílio Santiago, Miltinho, Pery Ribeiro, Jane Duboc, Maria Creuza, Fafá de Belém, Nilson Chaves e Ana Lengruber.

Notas de pesar:

A Câmara Municipal de Santarém divulgou uma nota de pesar

“O legislativo santareno reconhece o talento e o valor desse artista para a cultura santarena, que, com seu trabalho, levou o nome da Pérola do Tapajós para vários continentes. Foi em terras mocorongas [natural de Santarém ou que vive na região do Rio Tapajós] que Sebastião Tapajós escolheu viver seus últimos dias, ficando a gratidão do nosso povo. Ao mesmo tempo, os vereadores santarenos se solidarizam com familiares e amigos desse grande artista”.

Academia de Letras e Artes de Santarém

A Academia de Letras e Artes de Santarém – ALAS, manifesta o seu mais profundo pesar pelo falecimento do acadêmico Sebastião Tapajós Pena Marcião, titular da Cadeira 14, que tem como patronesse: a musicista Gioconda Peluso.

Neste momento de dor, a ALAS se solidariza com a família e amigos, expressando as mais sinceras condolências. Fica em todos nós o vazio de sua presença física, e, ao mesmo tempo, a certeza de sua presença imortal pelo legado que nos deixou.

Partidos dos Trabalhadores

O Partido dos Trabalhadores de Santarém, presta profundo pesar aos familiares e amigos do Artista Sebastião Tapajós, por seu falecimento ocorrido no início da noite deste sábado (02).

Tião, como era conhecido pelos amigos mais próximos, deixa uma trajetória e um acervo musical completamente brilhantes, reflexos de uma vida inteira dedicada aos pequenos e grandes detalhes da sua jornada.

Que o seu legado e a sua história estejam para sempre presentes na vida de todos e todas que tiveram a oportunidade de contemplar de alguma forma a obra e vida deste grande artista.

Prefeitura de Santarém

A Prefeitura de Santarém, por meio da Secretaria Municipal de Cultural (Semc), manifesta seu profundo pesar pelo falecimento do músico, violonista e compositor Sebastião Tapajós, 79 anos, ocorrido na noite deste sábado, 2, em Santarém.

Sebastião Tapajós deixa um legado imensurável no mundo artístico. Seu talento rompeu as barreiras regionais e o tornou um músico de sucesso em todo o Brasil e na Europa, principalmente, onde foi premiado por várias vezes. Nossas condolências e que Deus conforte os corações de seus familiares.

O prefeito Nélio Aguiar decretou luto por três dias em decorrência do falecimento de Sebastião Tapajós.

Com informações: G1 Pop&Arte / Agência Brasil

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