Incentivo à Pesca Sustentável de Camarão em Ponta de Pedras: Projeto Matapi Pari beneficia comunidades do Marajó

Em uma iniciativa conjunta da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater) e da Prefeitura Municipal de Ponta de Pedras, no Marajó, a pesca sustentável de camarão está recebendo um forte impulso. O Projeto Matapi Pari está em pleno desenvolvimento, beneficiando 54 famílias das comunidades de Benfica, Rio Fábrica, Santana do Arari e Rio Canal.

O projeto, formalizado por meio de um Termo de Cooperação Técnica entre Emater e a Prefeitura, tem como principal objetivo a reeducação ambiental relacionada à reprodução do camarão, promovendo práticas que garantam a sustentabilidade dessa importante atividade econômica.

Uma das principais ações do projeto é a entrega gratuita de matapi pari, uma versão sustentável do tradicional artesanato de captura de camarão feito com tala de palmeiras e cordas. A diferença crucial entre o matapi convencional e o matapi pari está na abertura entre as talas, permitindo que camarões pequenos possam escapar e garantindo a preservação da espécie.

Martinho Morinaka, chefe do Escritório de Ponta de Pedras, destaca: "A principal diferença é a abertura, o espaço entre as talas. O matapi comum é estreito e não passa nada entre elas, uma vez que o camarão entra, ele não consegue mais sair, já no matapi pari não, as talas são mais afastadas e com isso os camarões pequenos conseguem sair da armadilha, o que garante a perpetuação da espécie."

O camarão capturado pelos pescadores pertence à espécie nativa Macrobrachium amazonicum, conhecido como camarão-da-amazônia.

O projeto, que teve início em 2023, recebeu um investimento significativo de aproximadamente R$ 16.000,00, direcionado para a confecção de 944 unidades do apetrecho. Além disso, há um incentivo à economia local, envolvendo artesãos da região na produção dos utensílios de pesca, ao custo aproximado de R$ 18,00 por unidade.

As comunidades de Benfica, Rio Fábrica e Santana do Arari já foram beneficiadas com as doações. Em abril, será a vez dos pescadores do Rio Canal.

Geyseanne Suely Teixeira Noronha, engenheira de Pesca do Escritório Local da Emater em Ponta de Pedras, destaca a importância do projeto: "O matapi pari permite que o camarão que ainda não atingiu o tamanho de primeira maturação possa sair entre as frestas, crescer e se reproduzir, contribuindo assim para a gestão pesqueira sustentável do município."

Além do fornecimento dos matapi pari, a Emater desempenha um papel fundamental no projeto, selecionando e organizando as famílias beneficiadas, oferecendo capacitação e inserindo-os em políticas públicas como Crédito Rural, Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). A assistência técnica abrange não apenas a pesca, mas também outras atividades econômicas locais, como o manejo do açaí e da piscicultura.

Rony da Silva Teixeira, pescador beneficiado pelo projeto, compartilha sua experiência: "Esse projeto está nos ajudando muito, além de receber o matapi pari estamos recebendo assistência da Emater, isso está sendo muito bom. A qualidade do camarão capturado e criado no matapi pari é melhor, até no tamanho ele é um camarão maior, e em relação ao preço podemos vender ele num valor mais elevado."

Por meio da Emater, Rony conseguiu regularizar seu Cadastro Ambiental Rural (CAR), obteve o Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF) e acesso a financiamento para investir em outras cadeias produtivas locais, como o açaí e a piscicultura.